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Instituto Tecnológico de Aeronáutica

Pesquisadores do ITA e do IEAv realizam coleta de dados de radiação na Região Antártida

Estudos buscam estimar impactos para tripulações e equipamentos eletrônicos

 

Publicado em 03/07/2025 - 15h50

 

Uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e pelo Instituto de Estudos Avançados (IEAv), organizações militares do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), da Força Aérea Brasileira (FAB), realizou a coleta de dados sobre radiação na região Antártida, no Polo Sul terrestre. As informações vão subsidiar a ampliação do conhecimento científico e a validação da Radiation Environment Platform (REP), uma plataforma computacional desenvolvida por pesquisadores do ITA e do IEAv que simula, com alta precisão, o ambiente de radiação desde o solo até 100 km de altitude.

Denominada Pesquisa Estratégica de Radiação Ionizante em Grandes Extremos Ultra-Austrais (PERIGEU), a iniciativa tem como objetivo reunir dados inéditos sobre radiação cósmica nas altitudes percorridas por aeronaves, sobretudo em zonas críticas, como a transição entre a Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS) e a região polar. Para isso, foram utilizados diversos instrumentos capazes de registrar, em tempo real, a taxa de dose de radiação ao longo do trajeto.

A equipe responsável pela missão foi composta pelo professor do Departamento de Física do ITA, Dr. Maurício Tizziani Pazianotto, e pelos pesquisadores Claudio Antonio Federico e Capitão Tássio Cavalcante, ambos do IEAv. Os profissionais embarcaram no Rio de Janeiro (RJ) rumo ao continente antártico. Durante o percurso, monitoraram e mediram a radiação ionizante de origem cósmica a bordo, desde a latitude do sudeste brasileiro até o Continente Antártico.

Para a calibração dos instrumentos, houve o apoio do Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire (CERN), o maior centro de pesquisa em física da Europa, situado em Genebra, na Suíça, que conta com aceleradores de partículas capazes de reproduzir as altas energias presentes no campo de radiação cósmica incidente em aeronaves.

Os dados obtidos com esse suporte e medições em voo serão utilizados para validação da REP, ferramenta desenvolvida para estimar doses de radiação em voos de alta altitude. “Todas essas atividades representam um passo importante para pesquisas nesta área, incrementando previsibilidade, segurança e soberania nacional. A REP nos permite estimar doses de radiação para tripulações e avaliar riscos para equipamentos em voos em altitudes e condições cada vez mais desafiadoras, inclusive em altitudes supersônicas e hipersônicas”, destacou o Professor Dr. Maurício Pazianotto.

A primeira fase da missão foi concluída com uma operação de lançamento de cargas na Antártida, durante a qual também foram aferidas as doses em altitudes mais baixas. Na etapa de retorno ao Brasil, novas medições foram realizadas para enriquecer o conjunto de dados.

SAÚDE

Outra frente da missão PERIGEU foi dedicada à avaliação da distribuição das doses de radiação em diferentes áreas da aeronave. Para isso, diversos medidores foram instalados em pontos estratégicos do avião utilizado no transporte, com o objetivo de analisar a variação da exposição conforme a localização interna. Esses dados são essenciais para caracterizar o ambiente radiativo no interior da aeronave e servem de base para estudos de dose em tripulantes e passageiros.

Para estimar a distribuição da dose em diferentes órgãos do corpo humano, foi utilizado um fantoma antropomórfico — objeto que simula o corpo ou partes específicas do organismo humano, amplamente empregado em estudos dosimétricos. Nesse experimento, dosímetros foram posicionados tanto no interior quanto na superfície do fantoma, com apoio técnico do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), ligado ao Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

A missão PERIGEU teve suporte do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), coordenado pela Marinha do Brasil em parceria com a FAB, por meio do 1º Grupo de Transporte – Esquadrão Gordo. As atividades integram a pesquisa ERISA-D, que investiga os efeitos nocivos da radiação ionizante em tripulações, sistemas aeroespaciais e aplicações de defesa conduzido pelo IEAv. Também contribuíram para a realização da missão o Departamento de Física e o Laboratório de Bioengenharia do ITA, e o Estudo e Monitoramento Brasileiro do Clima Espacial (EMBRACE), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

 

Fonte: ITA

Foto: ITA